quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A cidade dos desfavorecidos.


Eles vinham marchando em bando rumo à cidade grande. Fortes homens quase nus, com a exceção dos pequenos trajes cobertos por penas coloridas. Bem preparados, armados com fé e coragem. Chegavam cantando em coro dispostos a enfrentar o seu pior inimigo, o monstro branco da metrópole. Organizados, belos e em simetria assustavam a civilização que finalmente depois de onze meses praticando o mesmo exercício durante dez horas ao dia conseguiriam sair da rotina. O showmício estava a dois quarteirões, e unidos seguiram em frente. O primeiro alvo, foi o senador R.B., o mesmo que estava na linha de frente a favor das industrias elétricas,  com uma flecha atravessada caiu de olhos abertos no chão, o bote já tinha sido organizado, e as flechas voavam por todo o centro da cidade, deputados e vereadores sangrando como vaca no abatedouro, naquela tarde a policia federal continuava a sua greve por um salário mais justo que os seus doze mil reais mensais e a civil estava muito ocupada com algum tipo de corrupção que os próprios cadáveres tinham permitido acontecer. O cacique D. dominou o palanque e começou a se manifestar, “Os brancos escrevem sobre amor em seus livros, em seus muros, e em seus equipamentos modernos, mas esquecem de praticá-lo. Falam sobre sustentabilidade, mas compram o que não precisam consumir. Mandam seus filhos as escolas para que possam estudar sobre os índios, mas o que dirão a eles quando perguntarem porque estamos em extinção?”, as palavras iam e vinham e depois de algum tempo o governo havia sido tomado pelos índios. Prédios comercias foram demolidos, e arvores cresceram no lugar, os veículos se tornaram desnecessários. Para evitar à crise as pessoas começaram a cultivar os seus próprios alimentos a costurar suas próprias vestimentas. Eu te contando você não acredita. A ambição das pessoas havia desaparecido, parece que colocaram uma espécie de união no lugar. O último discurso do cacique D. dizia ter sido uma pena tomar de volta a terra deles com sangue, mas que não aguentava mais perder os seus meninos pra fome e suas meninas pra prostituição. Ouvi falar que vão dominar por aqui em breve, que assim seja, por que eu não aguento mais ver as pessoas morrerem por causa de papel. 

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