sexta-feira, 27 de julho de 2012

Um corpo, mil almas.


Ele vinha cambaleando com seus passos desleais pelas ruas estreitas, vivendo com o tempo e a carne emprestada sem saber por quem e nem a quem devolver. Com suas milhares de almas adaptadas ao momento, trabalho, jogo, parques, bares. Ele era um só, mas nunca o mesmo. Desceu sem qualquer precisão a ladeira do ouro, arrostou alguma pessoa igual a ele em morte, mas na existência com mais arrogância e dinheiro. Tanto faz, já trazia consigo o conceito de que todos em algum momento iria se apegar a futilidade e era necessário moldar-se conforme a multidão. Sentia-se velho pras afrontas que um dia acreditou. Difícil de identificar que era o mesmo imaturo, pra idade, diga-se de passagem, mas, porém com mais fé e coragem, que pelos tropeços do seu caminhar esqueceu em algum prostíbulo junto com os seus ideais. As responsabilidades rotineiras tomaram conta dos seus sonhos. E com a desordem do seu interior, cansado de cambalear, estira-se no chão, não só com o corpo e permite os seus fantasmas se igualarem a contemplação que é a natureza. No ponto alto de seus delírios descobre que atrás da cortina de fumaça que o tempo e as pessoas criaram permanece ali intacta e nunca deixará de existir a constelação. 

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