Ele
vinha cambaleando com seus passos desleais pelas ruas estreitas, vivendo com o
tempo e a carne emprestada sem saber por quem e nem a quem devolver. Com suas
milhares de almas adaptadas ao momento, trabalho, jogo, parques, bares. Ele era
um só, mas nunca o mesmo. Desceu sem qualquer precisão a ladeira do ouro,
arrostou alguma pessoa igual a ele em morte, mas na existência com mais
arrogância e dinheiro. Tanto faz, já trazia consigo o conceito de que todos em
algum momento iria se apegar a futilidade e era necessário moldar-se conforme a
multidão. Sentia-se velho pras afrontas que um dia acreditou. Difícil de
identificar que era o mesmo imaturo, pra idade, diga-se de passagem, mas, porém
com mais fé e coragem, que pelos tropeços do seu caminhar esqueceu em algum
prostíbulo junto com os seus ideais. As responsabilidades rotineiras tomaram
conta dos seus sonhos. E com a desordem do seu interior, cansado de cambalear,
estira-se no chão, não só com o corpo e permite os seus fantasmas se igualarem
a contemplação que é a natureza. No ponto alto de seus delírios descobre que
atrás da cortina de fumaça que o tempo e as pessoas criaram permanece ali intacta
e nunca deixará de existir a constelação.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
terça-feira, 24 de julho de 2012
São Paulo
Os
rostos nas paredes demonstram ódio, sofrimento e dor misturados á um pouco de
angústia. A tristeza estampada em cada face distingue que apesar de iguais
somos tão diferentes, e tão cruéis. As mãos estendidas em busca de esperança,
os pés machucados de tanto andar sem destino, um pandeiro sendo tocado por um
ser sentimental que vale ouro no carnaval, mas que é esquecido no outono e
todas outras épocas do ano. Pedidos desesperados por alegrias que são encontradas
em um copo de amargura. As leis tornaram uma vida livre impossível, e os influentes
julgam com desprezo, constrói os seus passos andando por cima de um amontoado
de pessoas, mortas, de fome, vivas. Eu vejo um espetáculo de concreto, e um
pouco de verde e água, tão bonito e corrupto.
Eu
sou os olhos da modéstia, inocente demais.
As
lições estão nessas lindas estátuas, e nesses pedaços de carne esquecidos pelos
cantos, cheios de esperanças e com sua fé inquebrável, a fé que me faz ver o
rei do brilho engraxando sapatos.
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